Após ser preso, o ministério de Paulo passou de edificador para epistolar

06/08/2011 19:46

 

 

A nossa língua é como a pena de um destro escritor (Sl 45:1)

Nas suas primeiras viagens, o apóstolo Paulo passou por experiências, em que a glória de Deus se manifestou, pois ele se submeteu ao Espírito de Deus, sobretudo na 2ª viagem, levando não só as pessoas a invocar o nome de Jesus, mas também estabeleceu e edificou as igrejas. Entretanto, logo após essa viagem, Paulo começou a agir por conta própria e ao invés de seguir para Antioquia, como fez no fim da 1ª viagem (At 15:35), preferiu, pela alma, seguir para Jerusalém (At 18:22), onde todos os que queriam se envolver com religião costumavam ir; além disso, Paulo tinha parentes nessa cidade, por quem sentia amor natural (Rm 9:3).

3ª Viagem

Partindo de Antioquia, Paulo foi em direção a Cilícia, passando pela Galácia e, depois, pela Ásia, na região da Frígia, antes de ir novamente a Éfeso, onde passou quase 2 anos discutindo na escola de Tirano a respeito do Novo Testamento, para o qual utilizou a prática de discutir e convencer os discípulos, a fim de que não fossem influenciados pelos descrentes (At 19:9-10), todavia essa estratégia, que era mais mental do que espiritual, gerou um grupo de discípulos que examinava na mente as Escrituras, a exceção de outro que valorizava as manifestações do Espírito, com sinais e milagres (At 19:12), por conseguinte após Paulo se retirar de Éfeso, levantaram-se discípulos mentais ávidos não só por questões e contendas de palavras, gerando inveja, provocações e difamações, como também em fazer da piedade fonte de lucro (1 Tm 1:3-7; 6:3-5).

Ofertas

“Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4:7), ou seja, o quanto de dom usado é o tanto de graça recebido, a qual é o próprio Senhor Jesus. Quanto mais ofertarmos, exercitando o nosso dom, mais ganharemos encargo, tornando o dom um ministério. Aleluias! Ofertar, portanto, é graça! Por ter o Espírito confirmado a necessidade de enviar ofertas para igrejas da região da Judéia, onde os irmãos passavam por dificuldade (At 11:28-30; 2 Co 9:1-5), Paulo seguiu viagem, indo à região da Macedônia e da Acaia, recolhendo as ofertas para levar a Jerusalém. Entretanto, não era da vontade do Espírito que Paulo as levasse pessoalmente, o que fez o Espírito adverti-lo por diversas vezes por meio dos irmãos (At 21:4,10-12), mas o seu amor natural por Jerusalém fez Paulo desobedecer ao Espírito, respondendo aos irmãos: “Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21:13).

Queda

Embora Paulo tenha sido bem recebido em Jerusalém, podendo inclusive testemunhar a Tiago e aos anciãos sobre tudo o que Deus havia feito por seu intermédio entre os gentios (At 21:17-19), foi-lhe dito em contrapartida: “Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei; e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei“ (At 21:20-21). Sob influência do forte ambiente religioso de Jerusalém, Paulo se submeteu a fazer um voto do Antigo Testamento, a fim de demonstrar aos judeus que ele também guardava a lei. Após a conclusão do voto, era preciso realizar o ritual de purificação, ficando 7 dias no templo, além de serem dadas oferendas. Caso Paulo completasse essa semana e desse as oferendas, ele anularia para si a morte de Jesus, contradizendo o ministério neotestamentário e pondo em risco a comissão que recebeu de Deus. Misericórdia!

Livramento

No último dia do ritual de purificação, alguns judeus vindos da Ásia viram Paulo no templo, acusando-o: “Este é o homem que por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra a lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziu também no templo os gregos, e profanou este santo lugar” (At 21:28). Isso causou grande alvoroço e o povo começou a ferir Paulo, querendo matá-lo. Então, o comandante romano interveio e os soldados protegeram Paulo, levando-o preso. Graças a Deus! Paulo alcançou o socorro de Deus (At 26:21-22), que além de livrá-lo da morte, ainda lhe deu o ministério epistolar, através do qual a Palavra de Deus é expressa de modo escrito. Aleluias!

Roma

Como Paulo era cidadão romano, foi julgado pelo governador Felix, que era corrupto, portanto só não o libertou porque não recebeu dinheiro (At 24:26-27). Passados dois anos, Félix foi sucedido por Pôrcio Festo, a quem os judeus apresentaram graves acusações contra Paulo, mas sem ter comprovação. Querendo agradar aos judeus, o governador Festo, perguntou a Paulo: “Queres tu subir a Jerusalém, e ser lá perante mim julgado acerca destas coisas?” (At 25:9). Agora sim, Paulo se recusou a voltar a Jerusalém, dizendo: “Estou perante o tribunal de César, onde convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos judeus, como tu muito bem sabes... se nada há das coisas de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César. Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César? para César irás.” (At 25:10-12). Dessa forma, Paulo viajou como prisioneiro romano para a capital do império, Roma (At 27:1-2).

4ª Viagem

Durante a viagem, Deus honrou a Paulo, pois o navio em que estava passou por uma grande e longa tempestade no Mediterrâneo, onde não mais se havia esperança de sobrevivência, mas Paulo se levantou e levou paz a todos, profetizando que embora o navio iria se acabar, nenhuma das 276 pessoas perderia a vida, pois todos seriam conduzidos a uma ilha (At 27:22-26). Confirmando-se isso, Paulo ganhou o respeito até do centurião, ainda mais que, ao chegar à ilha, uma víbora atacou Paulo, mas nada lhe aconteceu. Ele foi, de livramento em livramento, ganhando a confiança de todos, inclusive enfermos eram levados a ele para serem curados (At 28:8-9). Chegando a Roma, Paulo ganhou o benefício de aguardar o julgamento em prisão domiciliar e ficou, por 2 anos, “pregando o reino de Deus e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum” (At 28:31). Aprisionado em Roma, Paulo acrescentou mais 8 epístolas às 6 que já tinha escrito. Aleluias! Graças a Deus!