Nós também podemos negar a nós próprios e ser salvos de nós mesmos

Embora fosse O Filho de Deus, Jesus fez questão de ser igual ao homem, com corpo biológico, alma (mente, emoção e vontade) e espírito (comunhão, intuição e consciência), mas glórias a Deus porque Jesus não pecou, Jesus venceu o mundo!

Em Hb 5.8 diz que Jesus “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem”.

Jó chegou a murmurar contra o Senhor ao dizer que Deus não é homem como ele (Jó 9.32), portanto não podia sentir o que o homem sente, não podia sofrer como o homem sofre, todavia Deus se fez homem, tendo as mesmas vontades do homem, a mesma natureza adâmica, mas sempre negou a alma, bendito seja o nome do Senhor!

Em Mt 23.36, Jesus entristeceu e se angustiou, desabafando: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste!” O sofrimento da alma é maior do que o sofrimento do corpo.

Jesus compartilha com os discípulos sobre os sofrimentos que ele haveria de passar, mostrando que era necessário ser crucificado, porque essa era a vontade de Deus: “Vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregaram aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado. No terceiro dia ele ressurgirá” (Mt 20.18-19).

Note-se que a crucificação de Cristo foi dividida em 2 partes de 3 horas. Na primeira parte, houve a redenção do homem, pela qual Jesus foi escarnecido, zombado e crucificado com 2 ladrões. “Os que iam passando, blasfemavam de Jesus, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que destrói o santuário e, em três dias, o reedificas! Salva-te a ti mesmo, descendo da cruz! De igual modo, os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, entre si diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se, desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos” (Mc 15.29-32).

Na segunda parte da crucificação, Deus fez calar todo homem ao estabelecer trevas sobre a terra durante três horas. Embora a obra do madeiro estava já consumada na primeira parte, Jesus fez questão de negar a vida da alma ao máximo, a fim de fluir a vida de Deus, para que nós pudéssemos também negar a nós mesmos e sermos salvos de nós próprios. Portanto, as 3 primeiras horas da crucificação de Cristo dizem respeito ao evangelho da graça, enquanto as outras 3 horas, ao evangelho do reino.

Jesus não tinha pecado, “mas ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.5). Jesus foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7).

Jesus disse, em Jo 5.30, que não pode fazer nada de si próprio, a não ser a vontade de Deus: “Eu não posso fazer nada de mim mesmo; como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, pois não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou”.

Em Mt 26.36 –38, é demonstrada a dificuldade de Jesus de negar a sua própria alma: “Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além, orar. Levando consigo a Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte. Ficai aqui e velai comigo”.

No versículo seguinte (39), fica bem evidenciado que Jesus tinha vontade própria, tinha vida da alma, mas sempre a negou veementemente: “Indo um pouco adiante, (Jesus) prostrou-se sobre o rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”.

No versículo 40, Jesus exorta sobre a importância de vigiar e orar, para que, vivendo no espírito, não seja feita a vontade da alma, mas a vontade de Deus: “Voltando para os discípulos, achou-os dormindo. E perguntou a Pedro: Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Na verdade o espírito está pronto, mas a carne e fraca”.

Em Jo 6.38, Jesus nega a vida da sua alma, ratificando que não é a vontade dele que prevalece, mas a de Deus: “Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.

Em Jo 7.6, disse Jesus que o tempo dele quem determina é Deus e não ele próprio: “...o Meu tempo ainda não chegou; o vosso, porém, sempre está pronto”, Nessa passagem, Jesus disse que os seus irmãos não sabiam esperar no Senhor por causa da vida da alma, que não tinha paciência em aguardar o tempo de Deus, pois os irmãos de Jesus insistiam que ele deveria fazer milagres em lugares populosos, a fim de ficar logo conhecido.

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu (Ec 3.1). Deus tem um tempo certo para a segunda vinda de Jesus Cristo, o qual será “quando for pregado esse evangelho do reino por todo mundo, para testemunho a todas as nações. Então, vira o fim” (Mt 24.14). Essa incumbência de pregar o evangelho do reino foi dado por Deus a mim e a você! Graças a Deus!