Cabe a nós levar o homem para dentro de Cristo

O ministério de Josué foi liderar o povo israelita a entrar em Canaã, a terra prometida, destruir os inimigos e entrar no descanso do Senhor. Quando Moisés escolheu Josué para ser um dos 12 espias, isto é, os que foram até Canaã verificar as ações do inimigo, somente ele e Calebe fizeram, pela fé, um relatório favorável de Canaã, ao contrário dos outros, que se intimidaram com os gigantes que lá viviam: “Se o Senhor se agradar de nós, então nos porá nesta terra, e no-la dará; terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo dessa terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais” (Nm 13: 17-33 e 14: 8-9). Canaã é símbolo de Cristo e de suas riquezas insondáveis.

Rocha

O motivo pelo qual Moisés não pôde terminar o seu ministério, dando lugar a Josué, diz respeito ao fato de Moisés ter desobedecido a Deus, quando o povo israelita murmurou pela falta de água. Note-se que, a princípio, ele cumpriu o que Deus ordenou: Eis que estarei ali (Deus) diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha (com a vara que representa a autoridade de Deus), e dela sairá água, e o povo beberá (Ex 17:6). Todavia, na outra vez em que o povo murmurou pela falta de água, o Senhor disse a Moisés que apenas falasse a rocha (Nm 20:7-8). Moisés, entretanto, por causa da murmuração do povo, irou-se, manifestando a sua vida da alma, por conseguinte feriu a rocha duas vezes e saíram muitas águas; e bebeu a congregação e os seus animais (Nm 20:11). Contudo, essa rocha representa o próprio Cristo, que foi, por todos nós, crucificado uma única vez (1Co 10:4) e não duas como fez Moisés, que em contrapartida não pôde entrar em Canaã. Ao ferir a rocha novamente, ele demonstrou resquícios da mesma raiz de ira, com a qual cometeu um assassinato no Egito, tendo de fugir para o deserto de Midiâ (Ex 2:11-12).
Encorajamento

Após isso, Deus transferiu o encargo de Moisés para Josué: “Dá ordens a Josué, e anima-o, e fortalece-o; porque ele passará adiante deste povo e o fará possuir a terra que tu apenas verás”. Portanto, antes de morrer, Moisés transmitiu a Josué esse encargo (Dt 31:7). Note-se que, no monte Sinai, Josué foi o único que pôde subir com Moisés até certa altura, além de ter aguardado Moisés voltar, depois de ele ter tido comunhão com Deus.

Assim como Moisés havia encorajado Josué, Deus também o fez por três vezes: “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Js 1:6,7 e 9).

Por conseguinte, o povo se submeteu à liderança de Josué: “Tudo quanto nos ordenaste faremos e aonde quer que nos enviares iremos” (Js 1:16). O Senhor não disse que Josué precisava ser inteligente nem sábio, mas que precisava ser forte e corajoso.

Nova Geração

Após 40 anos no deserto, toda a geração de Israel mais velha morreu e somente a geração com menos de vinte anos dos que deixaram o Egito conseguiu entrar na terra prometida. Assim como a passagem do povo de Deus pelo Mar Vermelho representa a morte e o sepultamento do velho homem e o surgimento do novo homem, a geração mais velha representa o velho homem, que precisa dar lugar ao novo homem, transformado através da vida de Deus.

Sete Povos

Em Canaã, havia sete povos habitando a terra: heteus, girgaseus, amorreus, cananeus, ferezeus, heveus e jebuseus (Dt 7:1). Josué precisava conquistar Canaã, destruindo esses povos, para que o povo de Israel habitasse nela. A razão de Deus ordenar que fossem exterminados todos os inimigos a cada conquista era para evitar que a nação de Deus se misturasse com eles, haja vista que, entre os habitantes de Canaã, havia gigantes, filhos de Anaque (Nm 13:33), resultantes da mistura maligna entre os anjos caídos e as filhas dos homens, como também aconteceu na época de Noé (Gn 6:1-2,6). Simbolicamente, esses povos podem representar a nossa própria vida da alma, que é o nosso principal inimigo para conquistar Cristo, nossa Canaã.

Guerreiro

Por ser guerreiro e jovem, Josué liderava o povo de Deus no campo de batalha. Quando Amaleque pelejou contra Israel, em Refidim, Josué precisava da intercessão de Moisés, em cujas mãos estava a autoridade de Deus, representada pela vara, a qual ao ser levantada em oração, o povo de Israel prevalecia na guerra, mas quando pelo cansaço era abaixada, Amaleque prevalecia. Então, Arão e Hur sustentaram-lhe as mãos, um de um lado e outro do outro, dando condição para Moisés ficar com as mãos erguidas, empunhando a vara, a fim de o povo de Israel vencer (Ex 17:12-13).

Doze Tribos

A maior parte dos sete povos que habitavam Canaã foi morta, sendo a terra distribuída para as doze tribos de Israel. No lado ocidental, ficaram nove tribos e meia (Js 15-21), enquanto as tribos de Rúben e Gade e meia tribo de Manassés foram para o lado oriental, onde fizeram um altar grande e vistoso junto ao Jordão, a fim de que todos pudessem, no mesmo local, adorar o Senhor e sacrificar suas ofertas, servindo de testemunho para que o povo de Deus se lembre de que, além de ter força e coragem, precisam estar sempre unidos (Js 22:10). Somos todos um em Jesus Cristo!