O ALCANCE DA UNÇÃO

06/08/2011 17:53

 

 

 

Leitura bíblica: 1 Jo 2: 20, 27; Jo 7: 38- 39; Êx 30: 23- 25

 

A unção é outro assunto envolvido em certo mistério conforme revela a primeira Epístola de João. Nas mensagens anteriores abordamos os temas: vida, comunhão e permanência mútua. Agora chegamos à unção, a qual João afirma que recebemos (1 Jo 2: 27). A palavra em si é um substantivo abstrato e é utilizada como metáfora.

 

A UNÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

Para entender as metáforas bíblicas, precisamos olhar para o Antigo Testamento. Visto que os elementos espirituais são abstratos e, portanto, de difícil compreensão. Deus utilizou no Antigo Testamento muitas figuras, imagens e símbolos a fim de representar seus significados. Esse é um princípio bíblico para o qual precisamos estar atentos. O Espírito de Deus é um mistério. Deus é invisível. Seu Espírito é abstrato. Desse modo, para representá-Lo, utiliza-se o azeite como um tipo visível. Quando alguém era ungido como rei para governar sobre o povo de Deus ou como profeta para falar em nome de Deus, era ungido com azeite. Por meio desse meio visível, o Espírito invisível de Deus era representado.

Outro princípio na Bíblia é o da primeira menção. A primeira vez que determinado assunto é mencionado indica o princípio correspondente a esse assunto. Qual foi a primeira vez que se utilizou azeite para ungir? Foi quando Jacó fugia de seu irmão e estava a caminho da casa de seu tio Labão (Gn 28). À noite ele sonhou com uma escada que chegava aos céus e então ouviu a promessa de Deus (vs. 11- 15). Depois que acordou, ele “tomou a pedra que havia posto por travesseiro e a erigiu em coluna, sobre cujo topo entornou azeite. E ao lugar, cidade que outrora se chamava Luz, deu o nome de Betel” (vs. 18- 19). Betel quer dizer casa de Deus. O azeite derramado sobre a pedra, portanto, está relacionado com a casa de Deus. Sempre que algo é ungido com azeite, é porque está associado com a edificação da casa de Deus.

Quando o povo de Israel foi conduzido para fora do Egito e levado ao Monte Sinai, receberam a visão acerca do tabernáculo e como haveria de ser construído. Depois, em Êxodo 30, quando o tabernáculo estava quase pronto para ser edificado, Deus revelou a Moisés como preparar o óleo da unção. Esse óleo seria usado para ungir todo o tabernáculo, bem como os móveis, os utensílios e os sacerdotes. O objetivo desse unguento era a manutenção da casa de Deus na terra.

Deus encarregou Moisés de fazer um óleo composto. Ele não deveria utilizar somente azeite de oliva puro; quatro especiarias deveriam fazer parte do composto junto com o azeite, fazendo dele um unguento. Os estudiosos da Bíblia em geral reconhecem o azeite como um símbolo do Espírito Santo. Como podemos explicar, no entanto, essas quatro especiarias que foram adicionadas? Por que havia a necessidade de se compor o unguento com elas?

 

AS QUATRO ESPECIARIAS

Estas são as quatro especiarias inclusas no óleo da unção, juntamente com as suas respectivas quantidades e os seus significados:

ESPECIARIA QUANTIDADE PREFIGURAÇÃO

Mirra 500 siclos morte

Cinamomo odoroso 250 siclos a doçura e a força da morte de Cristo

Cálamo 250 siclos ressurreição

Cássia 500 siclos o poder da ressurreição de Cristo

 

A mirra, na tipologia bíblica, é conhecida em geral como símbolo da morte. O cinamomo (ou canela), um saboroso tempero até hoje utilizado na cozinha, fala da doçura e da força da morte de Cristo. O cálamo, uma espécie de cana que cresce em pântanos e se eleva bastante, retrata a ressurreição. A cássia, usada na antiguidade como repelente, em especial de cobras, representa o poder da ressurreição.

Todas essas especiarias são misturadas a fim de compor o unguento, o que significa que ao Espírito de Deus são acrescidas a morte de Cristo, a doçura e a força de Sua morte, Sua ressurreição e o poder dessa ressurreição.

 

O SIGNIFICADO DE JOÃO 7: 39

Quando ainda era jovem, ficava confuso ao estudar João 7: 39, que declara: “Isso, porém, disse Ele com respeito ao Espírito que haviam de receber os que Nele cressem; pois ainda não havia o Espírito, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. Por que João 7: 39 afirma que ainda não havia o Espírito? Ele é mencionado inúmeras vezes no Antigo Testamento. Esse versículo me incomodou por anos. Eu percebia que a expressão “ainda não havia o Espírito ainda” tinha algo a ver com a glorificação de Jesus, entretanto, isso era apenas uma pista do que estava implícito ali.

Certo dia, quando lia Êxodo 30, esse versículo ficou claro para mim. Pude perceber que antes de Êxodo 30 o azeite já estava lá, mas “ainda não havia” o unguento.

Filipenses 1: 19 fala da “provisão do Espírito de Jesus Cristo”. O Espírito de Jesus Cristo estava no Antigo Testamento? Não, pois Ele “ainda não havia”! No Antigo Testamento havia o Espírito de Deus e o Espírito de Jeová. Quando Jesus foi concebido, havia o Espírito Santo (Mt 1: 20). No entanto “ainda não havia” o Espírito de Jesus Cristo. Quando o Senhor pronunciou aquelas palavras de João 7, profetizando que Seus discípulos receberiam o Espírito, Ele ainda não fora crucificado e ressurreto. Foi somente depois desses dois eventos, a morte e a ressurreição de Cristo, que essas duas especiarias principais poderiam ser acrescentadas ao azeite puro. Como foi grandiosa Sua morte! Como foi grandiosa Sua ressurreição! Nada semelhante a elas havia jamais ocorrido antes.

Talvez eu consiga deixá-los impressionados com o significado delas, contando-lhes um pouco de minha experiência.

No mesmo ano em que fui salvo, descobri pela leitura de alguns livros que, de acordo com Romanos 6, eu fora crucificado com Cristo. Como eu apreciava minha morte com Cristo. É bom morrer! Quando não conseguimos superar nosso persistente pecado, com certeza queremos morrer. Um morto jamais poderá perder o controle, mas os vivos reagem em todas as situações. Como é maravilhoso obter a vitória sobre o pecado por estar morto e enterrado!

Depois de ler aqueles livros, passei a buscar uma experiência mais profunda de minha união com Cristo na morte. Eu morrera e fora enterrado com Ele. À medida que as situações surgiam, porém descobri que eu estava bem vivo! Quanto mais esperava estar morto, mais eu me pegava reagindo. Como fiquei perturbado com isso tudo! Por fim conclui que Romanos 6 não funciona. A teoria está correta: morrer implica estar livre do pecado. Mas como eu poderia morrer? Eu não podia crucificar a mim mesmo nem cometer qualquer outro tipo de suicídio. Como eu poderia solucionar essa questão de morrer com Cristo?

Com o passar do tempo e a continuação de minhas leituras de livros sobre espiritualidade, aprendi a respeito do poder da ressurreição de Cristo. As palavras de Paulo: “para o conhecer, e o poder da sua ressurreição” (Fp 3: 10), mexeram com meu apetite. Com toda a certeza eu desejava experimentar o poder da ressurreição. Mas falhei nisso também. Embora eu tivesse nascido no cristianismo institucionalizado, reunido com os Irmãos Unidos, com os do círculo da vida interior e do movimento pentecostal, não experimentei o poder da ressurreição em lugar nenhum.

Finalmente acabei descobrindo que tanto a morte como a ressurreição de Cristo compreendem o Espírito composto.

Depois da ressurreição de Cristo, o Espírito de Deus (o Espírito Santo) se tornou o Espírito de Jesus Cristo. Naquele tempo foram adicionados ao Espírito Santo os elementos de Cristo, de Sua morte, de Sua ressurreição, da força e da eficácia de Sua morte, e do poder da Sua ressurreição. Todos esses elementos agora participam da composição do Espírito de Deus.

Certamente você também pode perceber agora o significado dessas quatro especiarias adicionadas ao azeite: a mirra, falando de Sua morte; o cinamomo, falando da doçura e da força de Sua morte; o cálamo, falando de Sua ressurreição; e a cássia, falando do poder de Sua ressurreição.

Os números que dizem respeito ao óleo da unção são também significativos. Quatro, o número de especiarias, representa as criaturas, apontando desse modo para a humanidade de Cristo. Se combinarmos as duas especiarias do meio em um só volume, temos três medidas de quinhentos siclos. O número três simboliza a divindade de Cristo, pois é o número do Deus Triúno – Pai, Filho e Espírito Santo. Por que a medida de quinhentos siclos intermediária foi partida em duas? Isso é indicação que a Pessoa do meio da Divindade foi partida; a quebra em duas unidades aponta para a cruz.

Todos esses itens indicados pelas especiarias e suas medidas passaram a compor esse Espírito, que ainda não havia antes da ressurreição de Cristo. Como podemos aplicá-los de maneira prática a nós?

De acordo com o que aprendemos no passado, experimentamos a morte de Cristo e o poder de Sua ressurreição, em primeiro lugar, quando cremos que fomos crucificados com Cristo. Foi isso o que fiz. Eu cri que fora crucificado com Ele. Cri completamente. Não obstante, quando as irritações surgiam em meu caminho, eu reagia. Depois aprendi que só crer não bastava, precisava me considerar. Então, em segundo lugar, passei a me considerar. Do mesmo modo por que eu considerava o fato de que dois mais dois são quatro, eu tentava considerar o fato de que havia morrido com Cristo. Passei um bom tempo me considerando assim. Descobri que quanto mais eu me considerava morto com Cristo, menos experimentava essa realidade e me sentia mais vivo ainda.

 

“TOMAR” O ESPÍRITO COMPOSTO

Há alguns dias eu tive uma terrível dor de dente. Tive que tratá-la na emergência de um hospital. Eu pegara uma infecção de um dente morto que estava cariado. Depois de uma pequena cirurgia, deram-me trinta comprimidos de antibiótico para eliminar a infecção. Não havia necessidade de pedir ao cirurgião que matasse a bactéria. Eu mesmo tive que tomar as cápsulas. E assim o poder de matá-las penetraria em mim e daria conta dos germes. Em nosso homem natural há muitos germes. O antibiótico é o Espírito composto! Precisamos “tomá-Lo”!

Além de um antibiótico para matar os germes, precisamos ser nutridos. Os antibióticos acabam com a infecção, mas não nos fornecem o alimento necessário. Precisamos da nutrição adequada para nos suprir e nos manter em boa saúde. O antibiótico da morte de Cristo mata os germes, e o alimento nutritivo da ressurreição de Cristo nos supre.

É óbvio que precisamos assegurar-nos de tomar o antibiótico e nos alimentar. Se eu tivesse deixado meus comprimidos em cima da mesa em vez de tomá-los como foram prescritos, não teria eliminado minha infecção. Posso receber um fornecimento do alimento mais nutritivo, mas se não comê-lo, não me fará bem nenhum. Sem o remédio e o alimento, minha infecção poderia voltar a se inflamar em alguns poucos dias.

Como “tomar” o Espírito composto?

Há mais de cinquenta anos ouvi nosso pastor dizer que Jesus é o maná celestial, o pão da vida que desceu dos céus. Ele pregou muitas vezes em João 6, porém sem nunca nos dizer como podemos comer desse pão ou do maná. Eu não consegui descobrir o segredo até 1958, trinta e três anos depois de ter sido salvo. Na ocasião preguei uma mensagem em Taipé sobre comer de Jesus. Depois da reunião, um irmão que era professor universitário se aproximou e me cumprimentou com um aperto de mãos. Ele disse: “Irmão Lee, a mensagem de hoje foi boa...”. Fiquei esperando, porque sabia que vinha alguma coisa que não era boa. “Mas usar a palavra comer”, prosseguiu ele, “especialmente para dizer que precisamos comer de Jesus, é um tanto selvagem”.

“Meu irmão”, respondi, “não fui o primeiro a ser selvagem. Foi o Senhor Jesus. Ele é quem disse em João 6: 57: ‘quem me come também viverá por causa de mim’. O Senhor disse de fato que devemos comer Dele”.

Talvez você já tenha ouvido sermões sobre Jesus ser o pão da vida. Mas lhe disseram como comer desse pão? É provável que lhe tenha dito que comer desse pão é meditar na Palavra de Deus. Eu já tentei isso. Eu lia um trecho das Escrituras e então fechava os olhos para meditar. Antes que se passasse muito tempo, os passarinhos apareciam para uma visita, meu sogro surgia de repente em minha mente ou meus pensamentos viajavam para Hong Kong, Londres ou Nova York.

Foi somente em 1958 que o Senhor me mostrou como é necessário que comamos Dele. Como fazemos para comer? Em João 6 fica claro que o Senhor Jesus não pode ser separado do Espírito. Depois de dizer que precisamos comer desse pão (v. 51) e que Ele próprio é comestível (vs. 55- 57), o Senhor prossegue: “O espírito é o que dá vida, a carne para nada aproveita; as palavras que Eu vos tenho dito são espírito e são vida” (v. 63). Nesse único versículo há duas palavras chaves: o Espírito e a Palavra. Temos a Palavra na Bíblia e o Espírito conosco. Esses são os meios pelos quais podemos comer e beber do Senhor.

 

LER-ORAR A PALAVRA

A forma de comer do Senhor é ler-orar a Palavra. Até mesmo antes de 1958 tivemos algumas experiências de nos aproximar da Bíblia em oração. Líamos um trecho e depois orávamos sobre os versículos que lêramos. Até mesmo utilizávamos os próprios versículos com nossa oração. Aproximávamos da Palavra não com idéia de ler, mas com espírito de oração. Desse modo, éramos nutridos.

Depois de 1958, os santos que encontraram ajuda naquela mensagem, começaram a prática de se alimentar de Jesus comendo a Palavra. Gradualmente o ler-orar se tornou comum entre nós. Descobrimos que a melhor maneira de obter o alimento espiritual da Palavra de Deus não é apenas lê-la, mas também orá-la. Quando lemos, utilizamos os olhos para ver, a mente para compreender e o coração para acolher. Quando oramos, exercitamos o espírito para digerir o que compreendemos e acolhemos. A prática de ler-orar a Palavra de Deus exercita nosso espírito na digestão da Palavra, em vez de nossa mente para compreendê-la. Todos que já experimentaram ler-orar podem testificar quanto são nutridos por ele. Comer, portanto, é “tomar” o Senhor orando Sua Palavra.

 

INVOCAR SEU NOME

Como beber Dele? Quando invocamos Seu nome, ficamos com a sensação de ter bebido algo muito refrescante. Ao longo do dia, se clamarmos “Senhor Jesus!” algumas vezes, teremos bebido o bastante. Muitas vezes durante o dia, sinto-me cansado com o que escrevo, com meus estudos, leituras e com as pessoas que ouço. Quando faço uma pausa a fim de invocar: “Senhor Jesus!”, sou renovado. Gosto de dizer ao Senhor: “Senhor, eu ainda Te amo. Ó Senhor Jesus, ainda Te amo”. Isso faz grande diferença em meu dia. As pessoas neste país apreciam parar para uma xícara de café. O verdadeiro refrigério advém, não de uma xícara de café, mas de se invocar o nome do Senhor.

Romanos 10: 9 afirma: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Temos sido criticados por afirmar que somos salvos invocando o nome do Senhor. É suficiente ouvir a mensagem do evangelho e crer no que foi pregado sem invocar o nome do Senhor? Vamos supor que um incrédulo ouça o evangelho. Ele admite que é pecador e crê que Jesus é o Filho de Deus que morreu na cruz por seus pecados; que Ele ressuscitou dentre os mortos e agora é o Redentor e Salvador. Isso está adequado? Romanos 10 diz ainda mais: “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (vs. 12- 13). Há dois lados aqui: um é crer, o outro é invocar nome do Senhor. Pode ser que quem crê no evangelho diga: “Senhor Jesus, eu sou um pecador. Perdoa-me! Creio que morreste por mim”. Ele invocará o Senhor, embora só um pouquinho. Podemos dizer que ele está salvo, mas apenas salvo. Mais tarde, porém, quando se encontra a sós em seu quarto, pode ser que clame: “Ó Senhor Jesus! Aleluia! Tu morreste por mim! Sou pecador, mas Teu sangue foi derramado por mim!”. Agora está ‘mais’ salvo. Quanto mais alto clamar, mais forte será sua experiência de salvação.

Tive um amigo que era incrédulo. Quando foi salvo, rolava pelo chão, arrependido e exclamando que era pecador. Ninguém lhe dissera que rolasse no chão ou gritasse. Em seguida ele clamou: “Senhor Jesus! Jesus!”. Ele foi completamente salvo.

Não são apenas os pecadores que têm a sede saciada ao invocar o Senhor. Embora eu esteja no Senhor há mais de cinquenta e cinco anos, ainda descubro que toda a vez que invoco Seu nome, sou renovado. As pessoas podem dizer que não é educado clamar em alta voz desse jeito. Provavelmente é verdade, mas gosto de fazer isso. Importo-me mais com o prazer de comer do que com as boas maneiras à mesa.

Nesse Espírito composto estão a morte de Cristo com sua eficácia, Sua ressurreição e o poder de Sua ressurreição. O Espírito é corporificado na Palavra. O Espírito e a Palavra não podem ser separados um do outro. “O Espírito é o que dá vida [...] a palavra que Eu vos tenho dito são espírito e são vida”. Nós temos tanto a Palavra como o Espírito. O Espírito é composto com todos os excelentes elementos divinos, bem como com a humanidade de Cristo e Sua morte e ressurreição. Ele é o Espírito todo-inclusivo.

“E vós possuís a unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento (...) a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (1 Jo 2: 20, 27).

Quanto mais praticamos o ler-orar e mais invocamos Seu nome, mais Sua humanidade será ungida em nosso ser. Esse óleo composto é como uma tinta. Quando pintamos a casa, é aplicada uma demão de tinta e depois outra é adicionada por cima da primeira. Pelo exercício de ler-orar e invocar Seu nome, a tinta espiritual adicionará camada após camada sobre nós. Assim dentro de nós haverá tanto a humanidade como a divindade de Cristo. Haverá a eficácia de Sua morte, pela qual todas as coisas negativas de nosso homem natural serão eliminadas. Teremos também o poder de Sua ressurreição para nos nutrir, fortalecer e sustentar com seu suprimento celestial.

Na vida da igreja desfrutamos o Deus Triúno. Desfrutamos Cristo. Desfrutamos tanto Sua humanidade como Sua divindade, Sua morte com sua eficácia, Sua ressurreição com seu poder. Nosso desfrute não pode ser negado nem mesmo pelos que nos criticam dizendo que somos emocionais. Não levemos essas críticas em consideração. Continuemos a ler-orar. Continuemos a invocar o nome do Senhor Jesus. O inimigo, Satanás, odeia a vida da igreja. E também odeia o ler-orar e o invocar do nome. Mas para nós eles são um desfrute.

Por meio do ler-orar e do invocar, experimentamos o unguento. Esse óleo em nosso interior se move e age. Unção é a forma substantiva do verbo ungir. A unção é a ação do óleo; em outras palavras, a ação do Espírito composto.

No Novo Testamento esse Espírito composto é chamado de “o Espírito”. Paulo utiliza muitas vezes esse termo no lugar de Espírito Santo ou de Espírito de Deus. Por exemplo, ele afirma: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito” (Rm 8: 16). É por meio desse Espírito todo-inclusivo e composto que desfrutamos Dele, vivemos Cristo e temos a vida da igreja. É o Espírito que faz com que a vida da igreja seja tão viva, rica e elevada.

Quando João se referiu à unção em sua Epístola, devia ter em mente Êxodo 30: 23- 25. Essa referência nos escritos de Moisés é a origem de todo esse assunto sobre unção. Nos tempos de Moisés só havia o símbolo. Hoje em dia temos a realidade, o Espírito composto e todo-inclusivo, que desfrutamos ao ler-orar e ao invocar do nome do Senhor. A seguir João, em Apocalipse, o último livro da Bíblia, usa a expressão “o Espírito” mais do que outros termos ou títulos para o Espírito de Deus (2: 7, 11, 17, 28: 3: 6, 13, 22; 14: 13; 22: 17). Isso é uma indicação final de que a Bíblia enfatiza “o Espírito” em nossa experiência com o Deus Triúno com tudo o que realizou e obteve.

 

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO: “O MINISTÉRIO REMENDADOR DO APÓSTOLO JOÃO”, DE AUTORIA DO IRMÃO WITNESS LEE, PUBLICADO PELA EDITORA ÁRVORE DA VIDA.